Os animais não são prendas

2 min de leitura | Publicado em 22 de dezembro 2020

Eles são apaixonantes, cativam com o olhar e o jeito meigo de ser. Fantasiamos os bons momentos em família, a felicidade estampada no rosto de todos ao redor juntamente às badaladas dos sinos de Natal. No entanto não se confunda, eles não são a sua prenda ideal para este natal. Aliás, eles não devem ser vistos como prenda em nenhuma situação. 

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Este cenário pode parecer  perfeito, mas merece uma reflexão muito mais aprofundada. Gostamos de presentear aqueles que mais amamos com prendas especiais, mas, de facto, as pessoas que recebem animais como prendas estão preparadas para assumir a responsabilidade de cuidar de um animal de companhia?

Segundo Jorge Cid, Bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, são abandonados todos os anos em Portugal cerca de 40 mil animais. No entanto, sabe-se que a maior procura de adoções junto às Associações e Centros de Recolha Oficial ocorre próximo das festas de fim de ano. Portanto, algo está a falhar aqui. 

Sabemos que um animal de companhia traz inúmeros benefícios, mas muito mais que uma prenda, estamos a falar de vidas que serão eternamente dependentes do nosso cuidado, da nossa atenção e disponibilidade. Muitas vezes, por mais que bem intencionadas que estejam as pessoas, novas responsabilidades não são compatíveis com o momento da sua vida ou seu estilo, de forma que irá negligenciar uma ou outra coisa. Há pessoas que passam o dia a trabalhar, há pessoas que amam viajar (não sendo a cultura Petfriendly devidamente estimulada) e há pessoas que acumulam imensas atividades ao longo do dia.

Assim como acontece com os bebés, ter um novo membro na família requer planeamento, preparação e aceitação daqueles que vivem connosco. Irão existir dias chuvosos em que o passeio irá custar mais, ou dias em que, para se entreterem, vão destruir as mobílias de casa – e comprar outra irá custar bastante dinheiro, assim como um treinador ou médico veterinário envolvem. Sabemos que você pode ter a consciência desta responsabilidade e que sabe que um animal envolve todos estes investimentos tangíveis (ração de qualidade, acessórios, treinador, médico veterinário) e intangíveis (tempo para cuidar, dar atenção, dar mimos, conhecer sobre a espécie), mas pode acontecer que aquele amigo que pretende presentear não tenha conhecimento idêntico. 

Desta forma, é absolutamente comum as associações darem uma pausa às adoções próximo do Natal, de maneira a que as pessoas não vejam os animais como prendas. É uma decisão acertada, tendo em vista que aquela pessoa que tomou a decisão consciente irá permanecer com o desejo de adotar um amigo de quatro patas mesmo após a euforia de uma escolha. 

Lembre-se, a precipitação gera o abandono e segundo dados da Direção-Geral de Alimentos e Veterinária apenas 35% dos animais abandonados são depois adotados. Não faça parte do problema, seja solução. Animais não são prendas!